segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Por favor, me deixe em paz

Paz, palavra curta, mas com tanta importância. Nos últimos dias a população mundial está vendo um terrível exemplo na Faixa de Gaza do que a falta de paz pode fazer. Ou melhor, de homens que não estão nem aí para ela podem fazer.

Desde quando ingressei na faculdade de jornalismo adotei uma postura crítica ao ler as matérias. Procuro ler não de forma "fria" como alguns definem, mas vamos dizer "morna". Afinal, de contas não é confortável ficar o dia todo pensando em desgraça, por mais que elas aconteçam a cada segundo e os jornais as publiquem.

Concordo que muitas vezes a mídia extrapola. Fica "martelando" a mesma notícia até decorarmos cada detalhe do crime. E isso ganha força, porque muita gente gosta de ver a desgraça alheia. Uma prova disso são aqueles e-mails que circulam com fotos de acidentes aéreos. Muitos são enganação, mas tem tanta gente que se interessa por isso.

Na minha opinião é um desrespeito aos familiares dos mortos. Trabalhei em uma empresa com cerca de 4 mil funcionários e era comum ver meus colegas pararem de trabalhar para ver esse tipo de e-mail.

Logo que começou o confronto na Faixa de Gaza fui à biblioteca para ler a maior quantidade de jornais que conseguisse. Peguei um jornal e o meu lado "morno" de ler notícias dessa vez não funcionou.

O ser humano tem dois mundos, o coletivo onde tudo que acontece influencia a todos, e o íntimo. Tenho por hábito não levar para meu mundo particular as notícias, não as ignoro nenhuma delas, pois todas são importantes.

Independente de ser jornalista ou dono de uma floricultura esse é o mundo em que vivemos, não é possível igonorá-lo, mesmo com tantas coisas absurdas. As flores dos canteiros nas calçadas e os passarinhos também estão para serem vistos todos os dias. A diferença é somente, se eu percebo e você não, e o que significa isso para nós.

Quando terminei de ler o jornal peguei outro. Ao terminar estava me sentindo muito, mas muito mal. As únicas matérias "relax" eram de cadernos de entretenimento. Eu não consegui nem prestar a atenção nelas depois de tantas notícias ruins. E o que profundamente me desestabilizou foi saber que um extermínio de pessoas continua todos os dias.

Para ver se melhorava o astral peguei uma revista daquelas de beleza e saúde. Que nada, continuou tudo igual. Pensei comigo, se não resolveu, vai uma revista Caras. Também não adiantou nada e fui embora para casa "entupida" de desgraças e parecendo uma barata tonta andando pela rua.

Crimes ocorrem a todo segundo, mas o que dizer da multiplicação deles por segundo. E pessoas vítimas que não têm para onde fugir. E o pior, independente da cultura, autoridades têm a função de respeitar o valor da vida. Além de não fazer isso, ainda agem com ironia quando um cardel diz estar ocorrendo um holocausto.

Então não é holocauto? Cerca de 900 mortes de inocentes em pouco mais de dez dias. É o quê então, brincadeira de soldadinho de chumbo? E estes quase sempre saem salvos.

Confesso que ao pensar em paz, sempre vinha à minha mente aquele sentimento sublime de sossego, mas vendo esse exemplo em Gaza, mudei a opinião. Paz vem antes de tudo, afinal sem ela não dá para fazer nada. A paz é necessária para ler um livro sem ninguém incomodar, sair na rua em qualquer horário, ser nós mesmos e sua principal função: preservar vidas.

Agora, antes de desejar qualquer coisa para alguém vou desejar paz e contribuir da forma que posso para que ela seja mantida.

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