terça-feira, 10 de agosto de 2010

TV Cultura: Será que sobrará algo dela?

Que jornalismo não sobrevive sem publicidade nunca foi novidade para ninguém. Jornal impresso sem anúncio e televisão sem comercial não dá liga. Me lembro da época da faculdade quando fazia aulas de publicidade e propaganda, isso aconteceu nos dois primeiros anos do meu curso. Na maioria das faculdades de Comunicação Social até o quarto semestre alunos de jornalismo e publicidade têm aulas dos dois cursos.

Tinha gente que "torcia o nariz" para as aulas de PP, assim como é chamada a faculdade de publicidade e propaganda, e alguns desse curso não gostavam nada das matérias de jornalismo.
Mas afinal, a publicidade não sobrevive sem bons textos, e alguns trabalhos desse segmento são escritos por jornalistas e na parte comercial de qualquer veículo jornalístico está presente o publicitário.

A respeito desse assunto, gostaria de desabafar sobre uma notícia que li e confesso que doeu. Ontem recebi em e-mail escrito em um blog de um colega jornalista sobre a questão das mudanças na TV Cultura. Esse e-mail fala sobre alguns possíveis cortes de programas da emissora e também que muitos empregos estão com seus dias contados.

Lógico que eu já sabia da situação da TV e outras notícias já foram divulgadas, então coisa boa não era de se esperar. O site comunique-se informou hoje que a instituição nega demissão em massa, porém alguns programas devem ser extintos, entre eles, o Vitrine.

Esse programa tem vinte anos de estrada e olha só que ótima ideia para se comemorar, acredito que se um programa ficou tanto tempo no ar, não pode ser por falta de opção. Particularmente gosto muito do Vitrine, é um dos programas mais antigos que assisto, me recordo de matérias bem interessantes, muitas delas apresentadas pela Maria Cristina Polli.

Gostaria então de voltar no ponto inicial sobre a união da publicidade e jornalismo, tem muita gente que nunca teve curiosidade de assistir um programa da TV Cultura. Afinal para quê, lá não vai mostrar algum artista da novela das oito, nem muito menos um grupo musical da moda.

Outro dia ouvi de uma moça de 22 anos: Arte para quê, não serve para nada, nunca vi utilidade nisso. Pergunta para ela quem veio no Faustão e com certeza vai saber responder. Não dá só para responsabilizar o Estado, nem o novo presidente da Instituição se ocorrer a extinção desse canal ou se ele se transformar em algo parecido com tantos outros canais.

A questão é mais profunda e tem haver com o próprio nome do canal. Sabemos que no Brasil a preocupação com cultura é de poucos e muitos dos que a têm preferem que os outros permaneçam na ignorância.

Não gosto muito de saudosismo, mas eu e meus irmãos crescemos assistindo os programas da Cultura e tenho certeza que contribuíram para o desenvolvimento da nossa criatividade, além de aprendermos com seus programas muito mais do que aqueles que assistimos em outras emissoras. Essas repletas de comerciais e milionárias, pois souberam explorar muito bem essa questão. Afinal tinham audiência.

Além dos programas, gostaria de recomendar o jornal de notícias desse canal, gosto do formato e da forma com que os fatos são noticiados, parece ser mais leve. Talvez seja, porque não dão importância para o sensacionalismo e exibem os fatos do jeito que são.

Talvez as coisas aconteçam lentamente, torço para que pelo menos não vire uma co-produtora, e compradora de programas internacionais como já foi cogitado por algumas pessoas e alguma coisa dê para salvar das mudanças que vem por aí.

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